Macaé

Descrição Geral: Município conhecido como a Capital Nacional do Petróleo, está de frente para a Bacia de Campos, importante produtora de petróleo do Brasil.

Geologia: Marcada pela separação da América do Sul e África, quando se iniciou o processo de formação de fundo oceânico que gerou espaço para a deposição dos sedimentos da Bacia de Campos. As rochas do continente possuem cerca de 2 bilhões de anos, enquanto a abertura do Oceano Atlântico ocorreu há 130 milhões de anos. Chamam a atenção os cordões arenosos litorâneos, que delimitam antigas linhas de praia, formados nos últimos 120 mil anos, sendo resultantes da sedimentação e erosão costeira associadas à formação e evolução do Complexo Deltaico do rio Paraíba do Sul. Destaque para diversas Unidades de Conservação presentes na região, as quais protegem um rico patrimônio natural, biótico e abiótico, como o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, local de extrema relevância para a conservação da natureza.

Histórico: Descobertas de sambaquis na Praia de Imbetiba, em Macaé, comprovam que a região já era povoada por indígenas há milhares de anos. Quando os primeiros colonos europeus chegaram ao local, no século XVI, encontraram duas tribos rivais: os Tamoios e os Goitacás. As terras do atual município faziam parte da Capitania de São Tomé, indo do Rio Itabapoana ao Rio Macaé e foi batizada de “Macahé”. Seu povoamento de origem europeia iniciou-se em 1614, quando Portugal se encontrava sob o domínio da Espanha. Para evitar invasões de inimigos, criou-se uma aldeia de índios catequizados. Os primeiros registros dos jesuítas em Macaé datam de 1634. No princípio, foi fundada, à margem do rio Macaé e próxima ao Morro de Sant’Ana, uma fazenda agropecuária, que, no correr dos anos, ficou conhecida como “Fazenda de Macahé”. Na base do morro, entre este e o rio, levantou-se um engenho de açúcar com todas as dependências e lavouras necessárias. Além do açúcar, produziam farinha de mandioca em quantidade e extraíam madeira para construções navais e edificações. No alto do morro foram construídos um colégio, uma capela e um pequeno cemitério, o qual guarda, até hoje, os restos mortais de alguns jesuítas. Em 1759, a fazenda foi incorporada aos bens da coroa portuguesa. Nesta ocasião, os jesuítas foram expulsos do Brasil, imposição feita pelo Marquês de Pombal. Em 29/07/1813, a Vila de Macaé foi elevada à condição de município. Como as produções açucareira e cafeeira se expandiram muito e o Porto de São João da Barra não estava mais suprindo o movimento, iniciou-se, então, em 1844, a construção do Canal Campos-Macaé, com 109 km. Em abril de 1832, o famoso naturalista inglês Charles Darwin realizou uma expedição a cavalo desde o Rio de Janeiro até a região de Macaé. Após sair da fazenda Campos Novos, passou por Barra de São João (Distrito de Casimiro de Abreu) e pernoitou próximo ao rio Macaé, num estabelecimento chamado “Venda do Mato”. Como não estava se sentindo bem, registrou em seu diário de campo que se preocupava em passar mal em um lugar estranho e sem falar português. Escreveu sobre o barulho incessante e forte do mar. No dia seguinte, foi para a “Fazenda do Socego”, de propriedade de Manoel Figueiredo, cuja filha era casada com um escocês chamado Lawrie, que o acompanhou na viagem desde o Rio. Nesta fazenda, que naquele momento pertencia ao município de Macaé e hoje faz parte de Conceição de Macabu, Darwin coletou insetos e répteis que foram catalogados e incorporados a sua famosa coleção e que serviram de base para sua mais notável publicação, “A Origem das Espécies” (On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life) publicada em 1859. A partir de 1974, com a descoberta de petróleo na Bacia de Campos, o município, que permanecia rural, começou a sofrer profundas mudanças em sua economia e cultura, a fim de atender a crescente demanda desta cidade por mão de obra especializada.


PRINCIPAIS GEOSSÍTIOS:

ARQUIPÉLAGO DE SANTANA
Localização: 22°24’6.35″ S; 41°41’42.1″ O
Descrição: Formado pelas ilhas de Santana, do Francês, Ponta das Cavalas e Ilhote do Sul, além de rochedos e lajes, o Arquipélago de Santana fica a cerca de 8 km de distância da costa na direção da cidade de Macaé. É um Parque Municipal e Área de Preservação Ambiental (APA), que representa um geossítio com alto valor científico, ambiental e histórico. A Marinha do Brasil construiu uma base na Ilha de Santana que possui uma lagoa de água doce no seu interior. O arquipélago é considerado, também, um santuário ecológico. A cobertura vegetal das ilhas faz parte do Bioma Mata Atlântica, variando desde a praia, mata fechada e vegetação sobre rochas. Em relação à fauna, estudos no local demonstram que o arquipélago abriga importante avifauna (77 espécies: sete marinhas, 10 aquáticas e 60 terrestres, algumas migratórias), além de mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados. Segundo historiadores, no século XVIII, a ilha foi abrigo de embarcações, além de servir como base para operações de pirataria e o comércio fraudulento de Pau-Brasil. Assim, o arquipélago possui importância ambiental e histórica. Mas, também, possui relevância científica porque registra o limite norte do denominado DTCF (Domínio Tectônico Cabo Frio), que é um compartimento geológico fundamental para o entendimento do fechamento e abertura do supercontinente Gondwana, uma vez que é interpretado como um pedaço do continente africano que aqui permaneceu por um capricho da natureza. Entender cientificamente esse “capricho” tem sido uma das tarefas sobre a qual se debruçam geólogos que estudam a região. Predominam no arquipélago rochas metamórficas (gnaisse e anfibolito), com 2 bilhões de anos, dobradas e cortadas por diques de pegmatito (rocha plutônica) e diabásio (rocha subvulcânica com cerca de 130 milhões de anos). As rochas mais velhas sofreram deformação pela colisão das massas continentais dos antigos continentes sul-americano e africano, formando o Gondwana há cerca 500 milhões de anos. Já o pegmatito e diabásio representam rochas formadas durante o vulcanismo que levou à quebra desse paleocontinente e o início da formação do assoalho do Oceano Atlântico. Na ilha do Francês, muito visitada por turistas para banhos de mar em sua linda praia, foi observado um processo erosivo na forma de constantes movimentos de massa. Estudo demonstrou que são causados pela existência de uma antiga falha geológica (plano onde dois blocos rochosos se movimentam) formando uma zona de fraqueza por onde a água da chuva penetra e permite uma alteração mais intensa das rochas. Assim, o processo de formação da praia foi identificado como sendo provocado pelo recuo da encosta por movimentos de massa sucessivos no tempo. Analisando imagens de satélite da Ilha do Francês, pode-se concluir que este processo seguirá até que a ilha seja dividida em duas partes, uma vez que se observa processo erosivo semelhante na outra vertente da ilha, seguindo a direção da mesma falha. Brechas tectônicas silicificadas também são encontradas. Apesar de regulamentada a visitação, observa-se pichação nas rochas e lixo na areia. Concluímos que uma nova paisagem está se formando e isto nos conduz a uma reflexão sobre a conservação de geossítios.

Referências: Silva, I.H. 2007. Geologia do Arquipélago de Santana, Macaé (RJ). Monografia de Conclusão de Curso de Geologia. UFRuralRJ, 45p.

VILA DE SANA E SUAS CACHOEIRAS
Localização: 21°22’19.7” S; 41°05’55.7” O
Descrição: A vila de Arraial do Sana é conhecida como o paraíso das águas por conta de suas cachoeiras. É um local belíssimo e está localizado na área serrana do município de Macaé. Além das cachoeiras, gastronomia, forró e artesanato, a Pedra de Peito do Pombo é um de seus pontos de maior destaque, em meio às trilhas. A criação de áreas protegidas tem se tornado cada vez mais necessária. Nesse contexto, foi criada pela Prefeitura de Macaé a APA – Área de Proteção Ambiental do Sana, em 2001, responsável por conservar o patrimônio natural na forma de remanescentes florestais e espécies da fauna ameaçadas de extinção. Sendo a natureza formada pela biodiversidade e geodiversidade, é importante, também, descrever esta última. As rochas existentes no Sana estão associadas a um evento que ocorreu há aproximadamente 600 milhões de anos, a colisão continental que formou o Supercontinente Gondwana. Esta colisão gerou uma alta cadeia de montanha e, na base dessa cordilheira, devido à pressão e temperatura elevadas, as rochas entraram em fusão, formando magma. Ao se resfriar e cristalizar, formam as rochas ígneas (ou magmáticas), que é o caso do Granito Sana. As rochas que circundam este granito, ou seja, a sua rocha encaixante, que já existia quando ele se cristalizou, são gnaisses, rochas metamórficas, pertencentes ao Grupo São Fidélis, cuja idade está calculada entre 850-900 milhões de anos. Já ao Granito Sana foi atribuída uma idade de cerca de 500 milhões de anos. O Granito Sana pode ocorrer com granulação mais grossa ou mais fina. Pois, justamente no limite entre esses dois tipos, em área com numerosas fraturas, está localizado um dos maiores atrativos locais, o Peito de Pombo, uma geoforma de grande beleza cênica que, do alto de seus 1.227 m de altitude, domina todo o vale. Esse granito se formou a grandes profundidades e ao chegar à superfície, a rocha se fratura por alívio de pressão. A evolução do relevo se aproveita dessas fraturas e, assim, quedas d’água se instalam nelas. O Sana é muito conhecido por suas cachoeiras, destacando-se as do Pai, Filho, Mãe, Sete Quedas e Escorrega, que acompanham a trilha ao longo do vale do rio Sana. Numerosas pousadas, charmosos e simpáticos restaurantes e bares, feira de artesanato e muita beleza natural fazem do Sana um lugar para se conhecer e desfrutar.

Referências: Projeto Caminhos Geológicos em Macaé | Geologia e recursos minerais da folha Casimiro de Abreu SF.23-Z-B-III. Escala 1/100.000. Estado do Rio de Janeiro. 2012. CPRM – Serviço Geológico do Brasil; UERJ

LAGOA DE IMBOASSICA
Localização: 22°25’0.38” S; 41°49’6.5” O
Descrição: Um dos principais cartões postais de Macaé, a Lagoa de Imboassica, possui grande importância turística e ecológica. Hoje sofre com a ação antrópica decorrente do aumento populacional da região. Seu espelho d’água teve sua origem ligada às variações do nível relativo do mar no passado, configurando-se como importante registro científico das mudanças climáticas do nosso planeta. Um fato histórico relacionado à Lagoa de Imboassica foi a passagem, em abril de 1832, de Charles Darwin durante sua excursão pelo interior do estado do Rio de Janeiro. O naturalista dormiu em Macaé e coletou peixes em Imboassica para compor a coleção que enviara à Inglaterra para estudos. A história recente da Lagoa começa quando o planeta passava por uma era glacial e o nível do mar se encontrava muitos metros abaixo da posição atual. Para alguns autores, pode ter sido rebaixado mais de 100 m! Vale lembrar que durante uma glaciação as águas ficam presas na forma de geleiras nos continentes, fazendo com que o nível do mar fique rebaixado. Portanto, a paisagem era diferente de como se pode observar hoje. A dinâmica dos rios e do mar era completamente diferente porque a linha de costa se localizava quilômetros para dentro de onde hoje se localiza a praia. Estudos revelam que há cerca de 20 mil anos, durante esta era do gelo, as águas provenientes do continente escoavam em direção ao mar acompanhando um vale com direção leste-oeste. Por este vale corria um rio, que podemos chamar de “rio Imboassica”. Entretanto, há 17 mil anos, essa dinâmica se alterou, o clima da Terra sofreu uma transição para um período de aquecimento, causando derretimento de parte das calotas polares e das geleiras continentais, o que fez o volume de água do mar subir. As mudanças climáticas a partir daí são muito intensas. Por volta de 7 mil anos atrás, o nível relativo do mar atingiu a posição atual e os antigos vales foram inundados, inclusive o vale do nosso “rio Imboassica”. Há 5.100 anos, durante um período quente, o nível relativo do mar chegou a cerca de 3 m acima do atual, quando o estuário do “rio Imboassica” foi completamente “afogado”, resultando numa enseada marinha. Áreas adjacentes também foram alagadas, formando manguezais e lagunas. As colinas que existiam no litoral passaram a receber o embate direto das ondas e isto provocou o desmoronamento das encostas e esculpiu escarpas verticalizadas, denominadas falésias. Assim, paleofalésias (antigas falésias) podem ser vistas na beira na RJ-108 na parte norte da lagoa. Há cerca de 3 mil anos, o nível relativo do mar volta a recuar e forma uma barra de areia, que ainda pode ser observada na área, isolando a lagoa do mar. Desde então o corpo d’água permanece em regime lagunar, com conexão restrita. Em média, a cada 3 anos, durante uma combinação de fatores climáticos como chuvas intensas, cheias de rios e maré baixa, a lagoa transborda e rompe a barra, liberando seu excesso de água para o mar. A água da lagoa leva consigo peixes e crustáceos que nasceram nela, mas que passam a se desenvolver no mar. Este processo transforma a lagoa em um berçário do mar. Ainda, numa frequência bem menor, a barra ainda pode ser rompida por ondas de grandes ressacas. Entretanto, com o crescimento urbano no município de Macaé, a ocupação das margens da lagoa por aterros diminuiu o espaço para o extravasamento de água em períodos de cheia. Para evitar perdas materiais, foram construídos canais artificiais para ligar a lagoa com o mar, o que rompe o seu ciclo natural e da vida que nela se desenvolve. Outro fator que preocupa é a eutrofização da lagoa por conta do lançamento de efluentes domésticos “in natura”. Às margens da Lagoa foi implantado um painel interpretativo do Projeto Caminhos Geológicos do DRM-RJ, que aborda todo este processo de formação e riqueza histórica do local e salienta a importância da preservação. No entanto, ele foi retirado e esperamos em breve fazer a reposição. No entanto, ele foi retirado e esperamos em breve fazer a reposição. A Lagoa de Imboassica é um patrimônio natural de grande relevância para Macaé. Fauna, flora e geologia marcam este local que também atrai turistas e macaenses para aproveitar um pôr do sol inesquecível!

Referências: Bau, E.P.L. 2015. A Pesca artesanal em Macaé: Uma abordagem etnoictiológica como subsídio para o manejo de cianídeos. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação do NUPEM/UFRJ, 74p. | Beraldi, G.Q.F. 2015. Distribuição de metais em compartimentos bióticos e abióticos na lagoa de Imboassica (Macaé, RJ). Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação do NUPEM/UFRJ, 87p.

PARQUE NACIONAL DA RESTINGA DE JURUBATIBA
Localização: 22º12’5” S; 41º29’33” O
Descrição: É o primeiro Parque Nacional brasileiro, criado em abril de 1998, a compreender exclusivamente o ecossistema de restinga e lagoas litorâneas. Pesquisadores concordam que Jurubatiba é a área de restinga mais bem preservada do país. Abrange parte das planícies fluviais e marinha dos municípios de Quissamã, Carapebus e Macaé. Compreende uma faixa de orla marítima com 14.860ha de área e 44 quilômetros de extensão de praias. É um importante território inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Registra espécies endêmicas e protege um rico ecossistema. Lagunas marcam as variações do nível do mar no Holoceno. O PARNA Jurubatiba é cortado pelo Canal Campos-Macaé que é considerado o segundo maior canal artificial do planeta e a maior obra de engenharia do período imperial no Brasil. Possui aproximadamente 100 km de extensão. Foram necessários quase trinta anos para a sua completa realização, que iniciada no ano de 1844 foi concluída em 1872. A construção de um canal navegável que serviria para o escoamento de mercadorias e transporte de passageiros entre Campos e Macaé, surgiu no final do século XVIII, frente ao crescimento da produção açucareira e as dificuldades de escoamento do produto. Dois anos apenas de sua conclusão foi inaugurada a estrada de ferro que ligava estas duas cidades, perdendo o Canal toda sua importância e funcionalidade. Tombado como patrimônio estadual em 2002, o Canal Campos-Macaé sofre hoje um intenso processo de assoreamento e despejos de esgotos, permanecendo apesar disso como um componente de destaque na paisagem urbana. Porém, no interior do parque ele mantém sua exuberância. Devido à importância do PARNA Jurubatiba, tornou-se tema da 5ª edição da nossa série Geossítios.

PRAIA DOS CAVALEIROS
Localização: 22°24’11.167” S; 41°47’38.202” O
Descrição: A Praia dos Cavaleiros é uma das mais famosas de Macaé. É um belo atrativo tanto para os turistas como para os moradores. Possui uma faixa de areia clara e uma boa infraestrutura com bares, restaurantes, lojas e hotéis. À noite sua orla é um dos principais “points” da cidade. Na beira do mar ocorrem afloramentos de uma rocha metamórfica denominada gnaisse, cuja idade foi calculada em cerca de 2 bilhões de anos. Estruturas no formato de salsichas, denominadas “boundins”, podem ser vistas nestes afloramentos, onde rochas também metamórficas mais escuras, os anfibolitos, deformaram-se mais do que o gnaisse pela alta pressão e temperatura a que foram submetidas durante a colisão que formou o Supercontinente Gondwana. São muito bonitas e é fácil identificá-las pela diferença de coloração entre os dois tipos de rocha. Ao longo do litoral está localizada a Bacia de Campos, que é um dos mais produtivos campos de petróleo do país. Por isso, no calçadão foi instalado um painel interpretativo do Projeto Caminhos Geológicos (DRM-RJ). Hoje ele não está mais no local, porém seu conteúdo pode ser acessado em nosso website. Este sítio, além de permitir momentos de descontração, lazer, um belo banho de mar e prática de surfe/kitesurf, ainda guarda verdadeiras riquezas e descobertas sobre a história da evolução geológica da Terra e da origem de importantes riquezas.

Referências: Geologia e Recursos Minerais da Folha Macaé SF.24-Y-A-I, estado do Rio de Janeiro. Serviço Geológico do Brasil – CPRM.

PICO DO FRADE
Localização: 22°12’34.86” S; 42°4’9.92” O
Descrição: O Pico do Frade é um dos pontos turísticos mais conhecidos de Macaé. O monumento faz limite com os municípios de Trajano de Moraes e Conceição de Macabu, sendo considerado um dos picos mais desafiadores da região para os praticantes de montanhismo, com altitude variando entre 1.429 m e 1.750 m. Seu cume foi conquistado pela primeira vez em 1949, pelo Clube Excursionista Carioca. O local é constituído de duas formações rochosas: a menor, ao norte, chamada por seus desbravadores de Pedra do Paulo, e a maior, de Pedra do Frade. O local recebeu o nome de Pico do Frade pelos navegantes que ali passavam no século XVIII, devido à semelhança com um frade de joelhos com o capelo na cabeça. A trilha até o pico tem dificuldade técnica muito difícil, com extensão de 2,8 km e duração média de 5 h, contando com trechos de mata fechada e necessitando de equipamentos de escalada para o trecho final. Portanto, se quiser fazer a subida ao pico, tenha certeza das habilidades requeridas e pergunte a um guia local sobre a atividade. Geologicamente, o Pico do Frade é formado pelo denominado Granito Frade, um corpo satélite (corpo magmático de menor dimensão) do Granito Sana, o maior da região. O Pico do Frade e outros corpos satélites fazem, então, parte da Suíte Intrusiva Sana, que corresponde a um grupo de plútons originados em um mesmo evento magmático. Estas rochas são intrusivas ou plutônicas (geradas pelo lento resfriamento do magma no interior da crosta), decorrentes do processo de fusão que ocorreu quando da colisão continental que formou o Supercontinente Gondwana, e possuem cerca de 490,9 milhões de anos. O geossítio Peito de Pombo, na localidade de Sana, também em Macaé, é parte do Granito Sana. Além de representar um episódio de magmatismo na história geológica da região, o Pico do Frade brinda a todos que alcançam seu topo com uma vista panorâmica espetacular, dada a visão privilegiada desde o continente até o oceano. Por outro lado, aqueles que avistam a paisagem da região serrana de Macaé, mesmo sem se aventurar ao topo, também se encantam ao admirar a deslumbrante e imponente geoforma.

Referências: Couto Reys, M.M. 1785. Manuscritos de Manoel Martins do Couto Reis – 1785. Campos dos Goytacazes: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, 2011, 238p | Geraldes, M.C. et al. 2009. Geologia e recursos minerais da Folha Casimiro de Abreu SF.23-Z-B-I; Mapa Geológico da Folha Casimiro de Abreu SF23-Z-B-III. Escala 1:100.000. CPRM | Heilbron, M. et al. 2016. Geologia e recursos minerais do Estado do Rio de Janeiro. Escala 1:400.000. CPRM | Valeriano, C.M.; Tupinambá, M.; Simonetti, A.; Heilbron, M.; Almeida, J.C.H.; Eirado, L.G. 2011. U-Pb LA-MC-ICPMS geochronology of Cambro-Ordovician post-collisional granites of the Ribeira belt, southeast Brazil: Terminal Brasiliano magmatism in central Gondwana supercontinent. Journal of South American Earth Sciences 32:416-428 | Histórias de Macaé: O Pico do Frade. Macaé Turismo | Pico do Frade, Macaé, Rio de Janeiro (caminhada e escalada). Wikiloc | Pico do Frade – Macaé RJ, uma missão quase cumprida! PitBull Aventura | Hartt, C.F. 1870. Scientific Results of a Journey in Brazil. By Agassiz Louis, and his travelling companions. Geology and Physical Geography of Brazil. By Chas. London: Trübner & Co., 620p


PRINCIPAIS SÍTIOS DE INTERESSE HISTÓRICO-CULTURAL:

CAMINHOS DE DARWIN
Localização: 22º22’28.07” S; 41º46’36.53”O
Descrição: Darwin passou por Macaé por duas vezes. Na primeira, dormiu do dia 11 para 12 de abril, conforme descrito a seguir: “Dormimos na Venda do Mato, duas milhas ao sul da foz do rio Macaé. Senti-me indisposto a noite toda. Não foi preciso muita imaginação para figurar os horrores de adoecer em um país estrangeiro, incapaz de pronunciar uma só palavra e de obter ajuda médica.” Novamente, no dia 19 de abril, retornando para o Rio de Janeiro, e registrou: “Deixamos Sossego, cruzamos o rio Macaé e dormimos na Venda de Mato. À noite, caminhei pela praia e desfrutei da vista de uma arrebentação alta e violenta”. Um painel do projeto Caminhos de Darwin foi implantado perto da foz do rio Macaé.

PAINEL DOS CAMINHOS GEOLÓGICOS SOBRE A BACIA DE CAMPOS
Localização: 22º24’12.83” S; 41º47’39.53” O
Descrição: Na praia dos Cavaleiros foi implantado um painel que descreve a origem geológica do petróleo na Bacia de Campos, a maior produtora de petróleo no Brasil. A Bacia de Campos inicia sua evolução a partir da instalação do processo que separou a América do Sul da África e criou o Oceano Atlântico, iniciado há aproximadamente 130 milhões de anos. Posteriormente formaram-se depressões que foram preenchidas inicialmente por lagos de água doce. Por volta de 115 milhões de anos atrás, o ambiente desses lagos, já em condições salobras, se tornou favorável a um intenso desenvolvimento de algas. Conchas se multiplicavam às suas margens. A abundante acumulação de restos vegetais no fundo do lago deu origem à rocha rica em matéria orgânica, que gerou o petróleo. O mar invade a depressão entre África e Brasil por volta de 112 milhões de anos, formando um longo golfo que se estendia desde Santa Catarina até Alagoas. O clima árido com evaporação intensa tornava estas águas uma verdadeira salmoura, depositando espessas camadas de sal. Com o peso dos sedimentos o sal deformou-se, produzindo as armadilhas que aprisionaram o petróleo em alguns dos atuais campos produtores. Em torno de 105 milhões de anos, houve uma invasão mais efetiva da água do mar sobre o continente. Desenvolveram-se extensos bancos de areias carbonáticas em um mar raso, de águas límpidas e mornas. Essas areias deram origem aos calcarenitos, que são as rochas reservatórios de óleo nos campos de Pampo e Garoupa, dentre outros descobertos pela PETROBRAS. Com o afastamento entre Brasil e África, a bacia sedimentar se torna cada vez mais profunda. Por volta de 90 milhões de anos, o fundo do jovem Oceano Atlântico passou a receber violentas descargas de sedimentos trazidos nas grandes enchentes dos rios, produzindo correntes turbulentas que escavaram cânions e despejaram extensos depósitos arenosos turbidíticos em águas profundas. Esses turbiditos são as rochas produtoras de óleo nos campos gigantes de Marlim, Albacora e Roncador.

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