Cursos para Professores

Uma das ações consideradas fundamentais para consolidação de um Geoparque da UNESCO é a existência de um programa educacional próprio. Além dos diversos materiais que produzimos, temos como ponto importante do nosso programa a realização de cursos sobre geologia básica, na modalidade de formação continuada de professores.

Estes cursos são direcionados aos docentes e outros profissionais (coordenadores, diretores, técnicos) das redes municipais de ensino que integram nosso Geoparque. O objetivo principal dos cursos é a criação de subsídios para orientar ações de educação geológica para aquele território, considerando as diversas contribuições advindas dos participantes.

A metodologia adotada para os cursos envolve aulas práticas, teóricas, trabalhos de campo, doação de kits de rochas e minerais e apoio ao desenvolvimento de projeto pedagógico pelos participantes para inserção dos temas nos conteúdos de suas disciplinas.

Os cursos têm permitido a contextualização de conhecimentos geológicos pelos participantes como forma de se atingir um aprendizado mais significativo. Dessa forma, estamos fazendo a construção coletiva de um programa educativo. Não se trata de uma opção metodológica, mas sim de uma filosofia de trabalho subjacente às metodologias adotadas no transcorrer dos referidos cursos.

Dessa forma, os participantes são estimulados a interagirem com os elementos geológicos, que por sua vez lhes são apresentados, mas também os geográficos, históricos, pré-históricos (em alguns casos), ecológicos e culturais. Estes valores devem ser considerados em conjunto com a existência de patrimônio geológico de valor internacional, requisito fundamental para a criação de geoparques.

Os conteúdos teóricos e práticos são organizados de forma a contemplarem esses aspectos de contextualização, onde os trabalhos de campo são fundamentais para a cristalização das propostas apresentadas pelos docentes.

O curso pode ser resumido nas seguintes etapas:

a) Aulas teóricas, práticas e trabalhos de campo previamente elaborados para compor um curso de formação continuada de professores em Geologia, tendo por base as ocorrências do patrimônio geológico e aspectos da geodiversidade do Geoparque.

b) Conteúdos de Geologia Geral (origem do Universo e da Terra, tempo geológico, processos endógenos e exógenos, geotectônica e recursos minerais e energéticos) consoantes com o currículo escolar trabalhado nas escolas básicas segundo a Base Nacional Comum Curricular.

Os cursos de formação continuada são organizados juntamente com as Secretarias Municipais de Educação, que fornecem os espaços, fazem a divulgação e mobilizam os professores. A maioria dos municípios onde já ocorreram os cursos cedeu o transporte para os trabalhos de campo. No geral, os cursos são organizados em três encontros, sendo dois destinados às aulas teóricas e práticas, e um para o trabalho de campo, totalizando 24 h de trabalho que, no entanto, podem alcançar 40 h, se for adicionado um módulo para construção de projeto pedagógico por cada participante.

A escolha dos temas a serem trabalhados se dá em parceria com as Secretarias Municipais de Educação de cada município e levam em consideração as demandas das mesmas, isto é, os professores, potenciais participantes dos cursos, são ouvidos previamente no tocante aos temas que desejam vivenciar nos cursos.

Tanto nas aulas teóricas quanto nas práticas são utilizados materiais didáticos como: apresentações de conteúdos geológicos na forma de slides, vídeos temáticos, materiais geológicos diversos, kits de amostras de minerais e rochas, mapas, apresentações de escalas e fitas do tempo geológico, entre outros.

Já os trabalhos de campo são organizados com base na ocorrência dos geossítios nos respectivos municípios ou nas circunvizinhanças dos mesmos, mas sempre enfatizando as relações com o Geoparque. Em alguns dos cursos, recorreram-se também aos elementos da geodiversidade presentes nos municípios, que, embora não possuam o status de um geossítio, são importantes para ilustração e compreensão de vários processos geológicos, isto, é, também se constituem em materiais didáticos. Estes trabalhos são apoiados por roteiros geológicos adaptados para cada município participante dos cursos, isto é, levam-se em consideração além da escala de visitações e descrições dos afloramentos, os conteúdos didáticos de cada ponto, as particularidades geológicas e as idades dos mesmos.

Os cursos são baseados na metodologia desenvolvida por Almeida et al. (2015), cuja aplicação, incluindo a introdução de algumas modificações, está relatada em Nascimento et al. (2019).

Caso tenha interesse em realizar este curso em sua escola/município, entre em contato conosco!
Serão concedidas certificações pela UFRJ ao final do curso.

(A) Aula teórica em São Pedro da Aldeia. Apresentação dos painéis interpretativos do Projeto Caminhos Geológicos. O exemplo trata do geossítio do Brejo do Espinho, onde ocorre a formação recente do mineral dolomita, localizado no município de Arraial do Cabo, que é próximo de São Pedro da Aldeia. A dolomita foi posteriormente trabalhada nas aulas práticas de mineralogia; (B) Participante do curso (município de São Pedro da Aldeia) realiza o experimento da dupla refração da calcita. Para esta prática os docentes foram estimulados a usarem os folhetos informativos do Projeto Caminhos de Darwin (o nome “Darwin” aparece com as letras duplicadas); (C) Aula prática sobre o ciclo das rochas em Saquarema. Para esta atividade foi priorizado, na medida do possível, o uso de rochas que ocorrem na própria região ou próximo a ela. Como exemplo o uso de uma metamórfica (gnaisse), uma ígnea (diabásio) e uma sedimentar (rocha de praia/beachrock – coquina, que ocorre na Praia de Jaconé, no município vizinho de Maricá); (D) Trabalho de campo no município de Saquarema. Uso didático de um painel interpretativo do Projeto Caminhos Geológicos. Este painel descreve diversos geossítios que ocorrem no município, dentro da área do Geoparque; (E) Atividade prática sobre a estrutura interna da Terra no município de Saquarema, com massa de modelar colorida. Os participantes sugeriram uma forma lúdica de se trabalhar o conteúdo. A criatividade, segundo eles, pode estimular ainda mais o aprendizado; (F) Atividade prática no município de Rio das Ostras sobre tectônica de placas. Recorte e colagem de mapas em uma superfície cilíndrica (lata de alumínio); (G) Aplicação da prática de tectônica de placas por uma professora em uma escola do município de Rio das Ostras. Recorte das “placas” que posteriormente receberam preenchimentos para se tornarem “rígidas” (listosfera); (H) Continuação da prática anterior. As “placas litosféricas”, preparadas anteriormente, foram colocadas em um recipiente contendo óleo de cozinhar para a simulação de materiais rígidos flutuando sobre uma camada pastosa (astenosfera).

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